O que é a Depressão

A depressão é uma condição clínica que se caracteriza sobretudo pela manifestação de sentimentos de tristeza. É, normalmente, causa de sofrimento, quer para o próprio, quer para as pessoas que o rodeiam. Trata-se maioritariamente de uma perturbação do foro psíquico e que não é, de todo, sinal de falha de caráter ou fraqueza do doente.

Os sintomas são intensos, comprometendo o normal funcionamento do doente, com repercussão na sua vida profissional, social e familiar, a acarreta gastos socioeconómicos acrescidos com medicamentos e acompanhamento por especialistas em cuidados de saúde primários, psiquiatria e psicologia, entre outros.

Causas da Depressão

Pode haver diferentes razões que justificam o aparecimento dos sintomas da depressão. Alterações em neurotransmissores (substâncias químicas produzidas pelos neurónios), fatores hereditários, características da personalidade ou fatores ambientais (como acontecimentos traumáticos, problemas familiares, luto) são exemplos de fatores que desencadeiam a depressão.

Prevalência e dados relevantes da Depressão

· Prevalência entre 4-5% da população mundial.

· 15-20% dos indivíduos sofrem de depressão ao longo da sua vida (vida média de 70 anos).

· Em pacientes observados em consultas médicas não psiquiátricas, a frequência de depressão é de 10-20%, e em pacientes observados em consultas psiquiátricas chega a ser 50%.

· Apenas 10% dos pacientes deprimidos vão ao psiquiatra, os restantes 90% ou não vão a nenhuma consulta ou são atendidos por outros profissionais.

· Em Portugal, a depressão afeta 8% da população.

Diagnóstico e sintomas da Depressão

A depressão é uma perturbação do humor que se traduz clinicamente por sintomas psíquicos e somáticos. Não deve ser confundida com sentimentos de tristeza temporária, normalmente desencadeados por acontecimentos da vida, e por isso normais de existirem.

O número de sintomas da depressão e a gravidade da doença são diferentes de pessoa para pessoa. Para haver o diagnóstico de depressão os sintomas devem persistir pelo menos duas semanas, e aqui apresentam-se alguns exemplos:

Sintomas psíquicos

Tristeza; perda da autoestima; desinteresse; incapacidade para sentir prazer; capacidade diminuída para pensar, concentrar ou tomar decisões; pensamento suicida.

Sintomas somáticos

Astenia (fraqueza ou perda de energia); anorexia; perda ou ganho de peso significativo por perturbações do apetite; alterações do sono; dor.

Segundo o ICD-11 (Classificação Internacional de Doenças), a perturbação depressiva é caracterizada pelo humor depressivo (triste, irritável, vazio), perda de prazer, acompanhado de outros sintomas cognitivos, comportamentais e neurovegetativos, que afetam significativamente a capacidade do doente de funcionar.

Uma perturbação depressiva (unipolar, também conhecida por depressão major), não deve ser diagnosticada em doentes que já experimentaram um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco, o que indiciaria a presença da fase depressiva de uma doença bipolar. Outros quadros depressivos podem incluir a distimia (doença crónica menos grave do que a depressão clínica).

Tratamento da Depressão

O estigma associado à doença é um motivo forte no atraso do pedido de ajuda dos doentes.

A depressão é tratável, e quanto mais cedo se fizer o diagnóstico e iniciar o tratamento, melhores resultados serão expectáveis. Se não for diagnosticada e tratada, a depressão prejudica enormemente a qualidade de vida e o funcionamento físico e psicológico do doente.

Existem várias abordagens ao tratamento da depressão. As mais comuns são as terapêuticas medicamentosas (antidepressivos) e a psicoterapia (aconselhamento psicológico), muitas vezes combinadas, e deverão ser escolhidas por médicos que vão individualizar o tratamento a cada doente. São terapias bastante eficazes para a maioria das pessoas. O tratamento deve ser suficientemente prolongado no tempo, de forma a ser eficaz.

O apoio familiar e social são também suportes importantes no tratamento da depressão.

De forma a ajudar na recuperação e prevenção da depressão, devem-se instituir hábitos de vida saudáveis, como o exercício físico, uma correta alimentação, higienização do sono, evitar álcool e drogas ou a manutenção de relacionamentos afetivos e sociais.

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