O que é a Doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa de evolução lenta, mas progressiva. Afeta o sistema nervoso, produzindo danos e posterior degeneração dos neurónios localizados numa zona do nosso cérebro chamada substantia nigra. Estes neurónios são responsáveis pela produção de dopamina, uma substância química (neurotransmissor) fundamental para a correta movimentação do nosso corpo. Quando o cérebro não dispõe de dopamina suficiente, as mensagens de como e quando mover-se são transmitidas de forma errada, surgindo de forma gradual os sintomas motores típicos da doença, sobretudo a lentificação, a rigidez e o tremor.

O aumento da esperança média de vida das pessoas associado ao aumento significativo da percentagem de idosos traduz-se num aumento na incidência das doenças crónicas e degenerativas como resultado do aumento da longevidade.

Causas da Doença de Parkinson

As causas da doença de Parkinson ainda não são conhecidas. Pensa-se que poderá dever-se a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e do próprio envelhecimento do corpo.

Prevalência da Doença de Parkinson

Segundo a Associação Europeia para a Doença de Parkinson (EPDA) aproximadamente 6,3 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de doença de Parkinson, afetando todas as etnias e culturas. Em média, o desenvolvimento da doença normalmente acontece por volta dos 60 anos, mas um em cada dez doentes desenvolve a doença antes dos 50. À medida que a idade avança, aumenta o número de pessoas afetadas pela doença de Parkinson. Os homens são ligeiramente mais afetados do que as mulheres numa proporção de 3:2.

A Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson (APDPk) estima que em Portugal haja entre 18 a 20 mil doentes com doença de Parkinson.

Sintomas da Doença de Parkinson

As manifestações da doença de Parkinson podem variar de pessoa para pessoa. A doença de Parkinson é uma doença progressiva: os sintomas aparecem gradualmente e vão piorando com o passar do tempo. Os sintomas começam de forma gradual por volta dos 50 – 70 anos. As primeiras manifestações geralmente consistem em tremor em repouso, no início de uma forma intermitente (nem sempre se manifesta). Outras vezes começa com dificuldade na coordenação motora e dificuldade na marcha. Às vezes há dor de natureza inespecífica ou reumatológica e sintomas depressivos.

Sintomas motores

Estes quatro sintomas motores, associados ao movimento, são assimétricos e progressivos:

1. Bradicinesia/acinesia - Lentidão/ausência dos movimentos, tanto voluntários como automáticos. É o sintoma mais incapacitante da doença. Pode dar a aparência de quietude anormal e “rosto inexpressivo”.

2. Rigidez- Resulta na diminuição da amplitude dos movimentos. É constante ou sujeita a interrupções cíclicas (chamada rigidez em roda dentada). Todos os músculos dos membros ficam afetados havendo um aumento do tónus muscular ao longo de todo o movimento passivo. Predomina nas áreas distais (pulso e tornozelo) e pode causar dor e alterações na marcha.

3. Tremor- Muito frequente na fase precoce da doença, no início é intermitente, começando com uma das mãos, progredindo depois para o resto dos membros e músculos da face e pescoço. “Tremor de repouso” significa que aparece na ausência de movimentos intencionais e desaparece com o movimento do membro afetado. Piora com o cansaço, com a ansiedade e com fármacos estimulantes do sistema nervoso, e melhora com o sono.

4. Perda de reflexos posturais/alterações na marcha - Progressiva perda do equilíbrio e marcha de pequenos passos. Postura típica do doente com doença de Parkinson: flexão da cabeça, tronco e membros. Inicialmente é reversível mas com o avançar da doença torna-se cada vez mais pronunciada. Nas fases mais precoces é difícil distingui-la da postura normal das pessoas idosas.

Sintomas não motores

· Perturbações neurocognitivas - Podem ser tão incapacitantes como os sintomas motores da doença de Parkinson. Alguns exemplos são a depressão, a demência com delírio e atividade alucinatória, perturbações do sono, entre outras.

· Perturbações do sistema nervoso autónomo - Algumas perturbações gastrointestinais são muito frequentes, como a obstipação (motilidade intestinal menor), a disfagia (dificuldade em engolir), a perda de peso, as náuseas (associadas à medicação) ou a sialorreia (excesso de salivação por alteração do reflexo da deglutição).

Outras perturbações podem ser a hipotensão ortostática, por doença de Parkinson e/ou pela medicação, e perturbações genito-urinárias (alteração da função dos esfíncteres, que acaba por provocar incontinência ou urgência miccional e/ou alterações da atividade sexual).

Diagnóstico da Doença de Parkinson

O diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, ou seja, não necessita de exames laboratoriais, radiológicos ou outros que o confirme. Deve ser feito por um médico neurologista ou especialista em doenças do movimento.

Tratamento da Doença de Parkinson

Atualmente não há tratamento preventivo nem tratamento que impeça a sua progressão após a manifestação clínica da doença. Também não existem tratamentos que revertam o processo degenerativo. O objetivo principal do tratamento é o controlo eficaz dos sintomas, de forma a conservar durante o maior tempo possível a autonomia funcional e a qualidade de vida dos doentes.

Existe medicação para substituir a dopamina, como a levodopa (precursor da dopamina), os agonistas da dopamina (que imitam a sua função, como a apomorfina), e os inibidores da MAO-B e da COMT (que evitam a degradação da dopamina e aumentam a disponibilidade da levodopa). Em alguns doentes, o tratamento cirúrgico podem ser adequado.

Os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, terapeutas) são quem determina o melhor plano de tratamento, individualizado e de acordo com os sintomas dos doentes.

Viver com a Doença de Parkinson

O tratamento sintomático da doença de Parkinson deve ajudar sobretudo a minimizar a incapacidade e a melhorar a qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares e cuidadores. Deve incluir, para além do acompanhamento do médico assistente, a fisioterapia, a terapia ocupacional, a terapia da fala, a consulta com um nutricionista, a consulta com um psicólogo e a enfermagem especializada.

Os doentes com doença de Parkinson e os seus familiares e cuidadores têm o grande desafio de superar os obstáculos de cada dia. Não há dúvida de que com uma perspetiva positiva, juntamente com a melhor terapêutica instituída, será possível melhorar a qualidade de vida e manter as atividades e relacionamentos que tornam o dia-a-dia agradável e ativo.

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